segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

...

Estavam a observar o céu estrelado de uma segunda-feira em que o alinhamento de Vênus e Júpiter, davam uma luz a mais ao céu de uma lua nova. Eles olhos fixos no céu, mãos dadas e Bono ao fundo...
- Será isso, amor?
- Não entendo essa sua loucura por definir o amor.
- Não quero definir, quero somente saber se é, ou não.
- E se não for? Faz diferença?
- Depende.
- P@#$! Que mania de “depende” que você tem? Tudo depende, nossa!
- Faz diferença?
- Por favor, me poupe de DR ok?
- Não é uma DR, é só uma conversa, ou...
- Por que não pode ser tudo normal, a gente sai e vai vivendo, sabe, daí se um dia o encanto acabar a gente desaparece, como...
- Como bolhas de sabão. Você ‘tá’ assistindo muito Philippe Garrel, e detalhe, não te perguntei se me ama, perguntei se é amor.
Ele ri, gargalha, Ela apenas o olha...
- Onde está a graça? Ela pergunta.
- Se você fosse alguma personagem, você não seria Alice de Lewis Carroll, e sim Charlotte de Sofia Coppola.
- Nem de longe seria a Charlotte, não sou tão depressiva, ok!
- Porém precisa se reafirmar, ou se firmar, não sei...
- Você é muito estranho ás vezes, sabia! Aff... devia ter me apaixonado por alguém normal.
- Então eu sou anormal?
- Não disse isso.
- Quis dizer.
- Olha pro céu, vai... esse fenômeno só se repetirá em 2036.
- Se Deus quiser vou estar vivo, pra ver de novo.
- Talvez não segurando minha mão!
Bono continua cantar, as mãos dadas continuam dadas, e os olhos voltam fixamente ao céu.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Se eu fosse...

Recebi por e-mail, numa dessas correntes e achei interessante, então resolvi fazer, aí vai:




Se eu fosse uma música, eu seria… Walk on - U2.
Se eu fosse um mês, eu seria…março.
Se eu fosse um dia da semana, eu seria… segunda-feira.
Se eu fosse uma hora do dia, eu seria…18 horas.
Se eu fosse um planeta, eu seria… Saturno.
Se eu fosse uma direção, eu seria… pluridirecional.
Se eu fosse um móvel, eu seria… uma chaise lounge.
Se eu fosse um esporte, eu seria… futebol americano.
Se eu fosse um divertimento, eu seria… uma viagem.
Se eu fosse um momento, eu seria… um amasso.
Se eu fosse um líquido, eu seria… água.
Se eu fosse uma pedra preciosa, eu seria… diamante.
Se eu fosse uma árvore, eu seria… ypê amarelo.
Se eu fosse uma flor, eu seria… girassol.
Se eu fosse um instrumento musical, eu seria… piano.
Se eu fosse uma cor, eu seria… amarelo.
Se eu fosse um sentimento, eu seria… paixão.
Se eu fosse um tempero, eu seria.. orégano.
Se eu fosse um animal, eu seria… um labrador.
Se eu fosse uma fruta, eu seria… uma manga.
Se eu fosse um elemento, eu seria… ar.
Se eu fosse um livro, eu seria… O Mundo de Sofia.
Se eu fosse um personagem, eu seria… Alice de Lewis Carroll.
Se eu fosse uma comida, eu seria… filet com fritas.
Se eu fosse um lugar, eu seria… a Torre Eiffel.
Se eu fosse um objeto, eu seria… uma rede.
Se eu fosse um filme, eu seria… Em busca da Terra do Nunca.
Se eu fosse um gesto, eu seria… um abraço.


E você o que seria? Me conta vai!!!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Carta


A alguém que ainda não reconheci,



Procuro um amor, que ainda não encontrei, poderia até ser algum dos que amei.
Parece plágio, mais não o é. Não tenho culpa se o Frejat usou minhas palavras para compor uma das poucas musicas dele que gosto. Chega até a dar um aperto no peito ao ouvi-lo cantar essa música.
Mais sinceramente do fundo do meu coração, correto seria dizer do fundo do meu cérebro, procuro alguém para me fazer companhia, para dividir comigo minhas aflições e meus bons momentos, minhas birras e meus pensamentos e blábláblá...
Não sou uma pessoa exigente, só tenho preferência por HOMENS, com H de HOMEM mesmo. Não precisa ser um gentleman, somente ser educado, nada aos extremos Nada meio gay, que me deixe em dúvida sobre sua sexualidade ou seria melhor dizer homossexualidade. Um cara que goste de filet com fritas, de cinema, de boa música, “Deus me livre de um cowboy e de um funkeiro por favor!”, digo boa música mesmo, Chico, Zeca Baleiro, Montenegro, um Capital eu até engulo, mais por favor, nada de sertanojo ou fof-rock.
Quero alguém legal que aceite as diferenças, aceite meus amigos e que ature meu senso de humor de montanha-russa.
Que coisa horrorosa, mais quero gostar de alguém, quero parecer idiota, falar com voz de criança fanha e ficar minutos resolvendo quem vai desligar o telefone primeiro. Sempre achei tudo isso ridículo mais como diz num filme romântico hollywoodiano melaaado que eu adoro: “Quem não quer parecer idiota, não merece se apaixonar!”*
Quero alguém pra decidir onde vamos hoje, alguém que me diga que apesar de linda com meu vestido azul, ele é muito curto pra ocasião, quero alguém que me mande mensagens de bom dia e de boa noite, embora acabemos de nos despedir há alguns minutos.
Quero alguém que seja presente, esteja presente, se faça presente.
Não quero mais ficantes de fim de semana, ou de festa, não quero mais pensar que tenho quem eu quero só nos fins de semana. Quero alguém meu todo dia, mesmo que esse todo dia seja apenas eterno enquanto dure, mais que pelo menos dure tempo suficiente pra eu sentir saudade e colecionar cartões de Natal, de Páscoa, de Aniversário.
Quero alguém que cuide de mim, que me diga que sou convencida e me convença que posso mais do que pareço poder.
Não precisa ser a cara do Johnny Depp, nem ter a voz do Bono, muito menos ter a persuasão de mil poetas.
Precisa apenas ter mais de 1,70, não ter cabelos grandes, de preferência que goste de poesia, de livros e de um filet com fritas. O resto a gente improvisa, adapta e realiza.
Tá parecendo papo de mulher encalhada, mais na verdade, é papo de mulher cansada de quem não quer nada além de beijos e amassos, cansada dessa vida de gente mesquinha que valoriza a quantidade e não a qualidade.
Quero qualidade de vida, de sentimento, quero me apaixonar, quero gostar, quero “amar e em troca amada ser”**...

Atenciosamente,
Marcella.

Créditos:
#Foto by Marcella. De um orquidário qualquer.
*Filme De repente amor.
**Mais uma citação de filme hollywoodiano meloooooso mesmo...Moulin Rouge.

Ao som de Better – Regina Spektor.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Prossigo

Parece
Que o que era
Agora não é mais o que
parecia ser
Acontece
o que não mais acontecia
quando era para acontecer
Procede
a dor que sinto
porque não minto
ao meu coração que bate
sozinho, sucinto
Precede
O encontro, o medo
da saudade que ainda
não sinto
que na verdade
sei que é mito
porque ainda contigo
Prossigo

Teus dedos

Aquele desejo contido
Segredo guardado
Por ti
Me persigo
Me perco
Me esmago


Por medo
talvez
Não sei me entregar
Não sei descrever
Me jogo ao ar


Tantas flores
Desejos
Segredos
Meus medos
Teus dedos



..........................................................................................................................................

Bandido Amor


Insone
Prossigo
Sua falta
A rasgar

Teus beijos
Sorrisos
Por que não me amar?

Furtos
Bandido
Como é bandido o amor

Ou seria somente
o vazio

Que em minh'alma deixou...

domingo, 7 de setembro de 2008

...

"The fire fades away
Most of everyday
Is full of tired excuses
But it's too hard to say
I wish it were simple
But we give up easily
You're close enough to see that
You're the other side of the world to me"
(Other Side of the World - KT Tunstall)

Soprava o minuano
Quando de te vi
Era minha primeira vez ali
Em meio a multidão
Te reconheci

Olhei
Você correspondeu
Se aproximou
E me rendeu
Uma luta de egos
Você venceu

Pensei :"Acabou"?
Não
Começou

Inúmeras vezes me conquistou
Um só olhar sempre
Muito eloqüente
Sempre fugaz

Sorri sempre ao teu lado
Fosse por bobagens ou mesmo
pelo silêncio raro

O tempo passou
Mudei
Sempre te amei

Era amor?

Você também mudou
Mais uma vez e me conquistou

Porém o que sentíamos se esgotou

Soprava o sudoeste
A última vez que te vi
Não era minha primeira vez ali
Também não te reconheci
As cores eram cinza
O sopro era a bússola

E você foi para onde ela soprava

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

...

“A angústia me assola
Quando você me consola
Transforma seu carinho em esmola”

-Isso é o refrão?
-ISSO? É inacreditável sua...sua capacidade de desmerecer meu trabalho, sabia!
-Desmerecendo? Não ‘tô’ desmerecendo nada, só perguntei se é o refrão!
-Chamou de “isso”.
-Isso mesmo, Is-so!
-Então, está desmerecendo.
-É ficção ou realidade?
-O quê?
-Isso!
-Isso o quê?P@*#$...
-Oras, os versos. Reais ou fictícios?
-Fictícios. Por quê?
-Não gostaria que fossem reais.
-Não são.
-Esse seu lado emocore me irrita.
-Não sou emo.
-Não disse que é. Só que irrita.
-Você me irrita.
-Você também....

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Sonho e Sensação

Sinto...
seu hálito
suave e fresco


Sinto...
seu toque
leve e teso

Sinto...
seu corpo
pele e dorso

Sinto...
bem perto
De repente...


Desperto!

Quisera

Quisera ter um outro
E que este outro
Pudera ser completo
Quisera ser um outro
E que este outro
Pudera ser diferente
Quisera ser eu mesma
E que esta mesma
Pudera ser alegre e contente
Quisera ser eu sempre
E que sempre
Tenha um outro
Seja outro
Seja eu mesma

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Pensamento do dia by Marcella





Por onde ando sempre há vida
Tenho sempre o céu como testemunha
E o ar como cúmplice dos meus atos e pensamentos

Momentos...

"Garotos não resistem aos seus mistérios...
Garotos nunca dizem não."
Ele sussurrava ao seu ouvido enquanto o professor destrinchava empolgadamente, o Ciclo de Krebs pela milionésima vez em menos de uma hora.
Ela até gostava da demonstração de carinho e interesse, gostava do cheiro dele, da voz, porém sabia que nunca o beijaria, pelo simples motivo, ele era Ele.
Ele já tinha “pegado” todas da sala, todas da faculdade e provavelmente todas num raio de 10 metros dele em qualquer lugar onde estivesse com exceção d’Ela e de mais umas poucas outras não muito “pegáveis” como Ele dizia para os seus.
“Seus dentes e seu sorriso
Mastigam meu corpo e juízo...”
Ele continuava, nunca Leoni foi tão inconveniente e tão persuasivo ao mesmo tempo.
O professor agora discursa sobre a necessidade da realização do Ciclo de Krebs. A maioria da sala, a grande maioria, estava dispersa e uns poucos “caxias” prestavam atenção e até demonstravam interesse. No entanto Ela, como sempre distraída, tentava prestar atenção, mas o cantor não a deixava em paz, até que um bilhetinho envolto numa borracha lhe cai sobre a mesa.
“Fala pro canário belga aí parar.
PQP ngm merece ouvir Garotos durante a aula de bioquímica.
Quer uma faca de manteiga?”

Obra da Outra, amiga, sempre á sua direita, confidente e cúmplice.
Enquanto o Canário Belga canta, desta vez uma escolha não muito feliz,
“Faltava abandonar a velha escola
Tomar o mundo feito Coca-Cola...”
Ela responde o bilhete da Outra,
“Não obrigada, prefiro o socador de alho.
Não tô a-güen-tan-do mais ficar aqui, o que propõe?”
E envia de volta a borracha-correio, e com um olhar elas se acertam.
A Outra reúne seus matérias e Ela também faz o mesmo, e juntas levantam-se e saem da sala.
Ao fecharem a porta, uma gargalhada mútua é interrompida pelo Shhhhh...do segurança, e elas vão para o banheiro planejar.
-Se eu fosse você pegava. Bonito, gostoso e tá afim.
-Não obrigada. Pega você!!........Ah! Esqueci, cê já pegou não é mesmo!
-Infelizmente não são todas que tem vocação pra freira não é!
-Antes freira que vadia!
-Haha...antes viver do que sobreviver, fofa. E vadia é sua mãe!
-Tá bom ow vivida!Mais agora me conta, o que vamos fazer hj, voltar pro entendiante 2º round de bioquímica ou?
-Vamos simbora....pro bar...beber, cair e...
-Não vou topar....kkkkkk....até rimou hein?
-Me pergunto nestas horas porque diabos ainda sou sua amiga, viu....ô sofrimento....
-Porque você me ama...digo no sentido singelo e real da palavra amor, sabe né!!!
-Claro que sei, porque você é até bonitinha, mais eu curto morenas sabe!!!
-O.k!!! Mas sério, buteco?
-Sugiro a biblioteca então, ou muito melhor, aliás é isso, vamos para a Politécnica.
-Biscate nenhum pouco você é né!!!rs...
-Ótimo, vamos passear onde tem homens de verdade...
-Por quê? Só porque eles fazem engenharia sei lá das quantas?
-Não boba! Também porque eles fazem engenharia, estudam cálculo, são inteligentes, tem um futuro promissor, além é claro de serem muitos, assim uns 30 por baixo para cada mulher que passar por lá, entende... Otimizando a lei da oferta e da procura!
-Tem certeza de que você não está no curso errado? Deveria fazer economia ou estatística!
-Não querida, deveria era estar no congresso atrás de um político gato e podre de rico!
-Vamos então...
Elas saem do banheiro...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

...

Ele sumiu pela rua e ela esperou...
Esperou porque não era justo, não era educado, não era possível que ele a tinha deixado sem mais nem menos.
Afinal o que ele estava pensando agindo assim, é fugindo que se resolvem as coisas?
- Não, não é fugindo, muito menos complicando as coisas como você faz!
- Hum...você voltou!
- Não devia, mas, não sou deseducado, então vamos resolver, é ou não é?
- É ou não o quê?
- É ou não é para ficarmos juntos, não ficarmos, ou mesmo ficarmos amigos?
- Não sei.
- Esse é o problema, você nunca sabe, você nunca decide!
- Oras, e que culpa tenho eu nisso... Sei que nada sei... até os filósofos se perdiam às vezes sabia?
- O.k! Mas você não é filósofa, sabia?
- Não... e você o que quer, me ajude então a decidir!
- Eu...
- É...você oras, ou quer que eu pergunte isso pro pipoqueiro?
- Eu...eu... Também não sei! Quero o que você quiser.
- O.k então. Eu não quero nada!
- Como assim? Nada!!!
- É. Nada. Se eu não sei o quero, e você muito menos o que fazemos aqui então?
- Eu não sei.
- Beijo-tchau!!!
E ela se foi...
Ela desceu as mesmas escadas... e ele ficou a olhá-la. Ela atravessou a rua e sumiu em meio à multidão.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Agora...

- Oi, pensei que não vinha!
Disse ele com aquela cara de satisfação e surpresa, enquanto a abraçava.
- Pensou errado.
Disse ela, que na verdade queria dizer que realmente não queria estar ali.
Ela tentava como sempre encontrar o olhar dele, que nunca estava disponível pra ela, ele olhava tudo, menos nos olhos dela. Sentados na praça, crianças correndo, o sorvete derretendo, o silêncio, ele – carinho acariciava-lhe as mãos, ela – confusão, recebia o toque e não sabia o que sentia.
Longe um do outro tanto tempo, e mesmo pela distância era bom, agora juntos, tato, toque, beijo, não era ruim, era só diferente.
- Diferente? Sinceramente não entendi.
- Perdão! Mas, não sei uma palavra melhor pra descrever...
- Por que você é sempre tão complexa? Porque nada é normal, simples?
- Acontece...
Ela sempre eloqüente, agora estava sem palavras.
Ele sempre emoção e silêncio, agora aparentava-se loquaz.
O silêncio, ele olhos no chão, ela olhos nos olhos dele que olhavam para o chão.
Alguém tinha de falar, alguém tinha de dizer alguma coisa, os dois eram abstenção.
De repente, ele se ergue e caminha, sem olhar para trás, ela o olha com medo e inconscientemente querendo que ele pare ali, ele continua, desce as escadas, ela levanta e ele vai, atravessa a rua da sorveteria e vai...
Ela que era confusão, agora é desespero.
Ele era emoção, agora...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Encontro

Um dia longe estando perto,
perguntei por onde andei que não te achei.
Estava certa do momento,
um tanto inquieto o pensamento,
o medo presente,
vontade inocente
e me perdi quando te encontrei.
Que paz nos olhos!
Longe olhavam enquanto o som escutava.
O som repetido, batido, movimento ido.
Ora grita, ora olha, ora ora.
Clareou,
Não foi a lua, muito menos o sol.
Clareou a presença, que chegou
sem licença e entrou pra ficar, não sei.
O que sei, ora sei, ora não,
só sei que sei que de repente
em ti me encontrei.




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O que há


Dentro do quarto eu vejo além
Além dos móveis
Além das paredes

Vejo

Além do breu
Uma luz

Além do céu
Um azul

Além do sol
O furor

Me perco na imensidão
Não sei onde é
O que é
Como é

Só sei que há

Uma luz
Um calor
Um certo rubor

Além do tom dos olhos seus

Amor...

Querido Desvario,

Tenho lido muito ultimamente sobre Amor (e não é proposital, simplesmente tem acontecido).
Concluí que o amor não é um substantivo, nem um adjetivo, o Amor é um verbo.
Amor é movimento, é elucubração, é simplesmente Amor.

"A gente em movimento: Amor..." Como diz Nando Reis.

"O Amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso." Como diz São Paulo em ,1 Coríntios 1,13-4.

"O Amor é como o vento, não posso tocar, não posso ver, mas posso sentir." Como dizem em Um Amor Para Recordar.

Preciso aprender a Amar mais, Amar os outros, Amar mais.

domingo, 8 de junho de 2008

Jogo Tácito

Pela primeira vez em 7 meses e 2 semanas o assunto desapareceu, em mais uma mesa de bar eles apenas se olham.
De frente um para o outro eles se observam, olhos nos olhos, calados.
Ela tem o cotovelo esquerdo apoiado à mesa segura, não só o queixo com a palma da mão aberta e com o dedo mínimo de encontro aos lábios, mas, tamém toda a sua postura ereta digna da bailarina que é. A outra mão movimenta incessamente o café com creme.
Ele com as pernas cruzadas e as costas totalmente apoiadas na cadeira, segura com a mão esquerda o cigarro que queima junto a um cinzeiro em forma de barco, tamanha é sua atenção àqueles olhos que o olham.
Ela, os longos cabelos presos num rabo-de-cavalo alto ressaltava na pele clara do pescoço duas pintas matematicamente alinhadas. A franja milimetricamente cortada contornava o rosto bem desenhado. O café esfriava.
Ele, cabelos curtos castanhos, quase raspados, barba de 3 dias que o deixava com cara de apaixonado e olhos, olhos enormes e profundos de cílios marcantes. O cigarro queimava.
Ele observava os olhos d'Ela. Eram olhos claros, azuis levemente acinzentados com contorno escuro e com as pupilas dilatadas pela pouca luz.
Olhos transparentes, na maioria das vezes serenos, olhos que sempre transmitiam claramente todas suas emoções.
Ao vê-los se sentia sempre seguro, porém , naquele momento, naquela noite Ele não conseguia precisar o que Ela sentia. Era um ohar neutro, não chegava a ser um olhar frio, era um olhar livre, sem sentimentos expressos.
Ela o observava, o analisava pelas verdadeiras janelas da alma. Janelas castanhas como a tempestade que chegava segundo a voz de Renato Russo e seu Tempo Perdido que o som ambiente os proporcionava.
Ela o olhava e calculava, 7 meses e 2 semanas são 224 dias, com aquele jovem sentado num café trajando bata indiana branca, jeans surrado e chinelos de couro.
Era muito tempo, muito tempo mesmo. Ela buscava agora o porquê de tanto tempo com Ele.
O café estava frio.
A brasa do cigarro já chegava até o filtro.
O silêncio continuava.
Ela ainda mexia o café já frio.
Ele ainda segurava o filtro em brasa.
Ambos sabiam que o menor movimento desencadearia um assunto, sabiam também, que não faziam questão de serem os responsáveis pelo seu começo.
A batalha continuava, eles se olhavam nos olhos.
Ele tinha agora o coração acelerado ao pensar o que falaria depois de tamanho exercício de silêncio.
Ela notara a tempestade agora formada nos olhos d'Ele, e sabia que não seria a perimeira a se mover.
O jogo estava travado.
Ela agora sentia um formigamento no ante-braço e Ele já não mais sentia a perna cruzada sobre a outra.
A brasa queimou o filtro e ele num movimento súbito soltou um balbucio do dor.
Ambos se olharam novemente e juntos como se houvessem ensaiado soltaram um uníssono
"Te amo!"

sábado, 3 de maio de 2008

Meme

O.k.
Depois de tanto tempo sem postar, um tanto por preguiça e um tantão por falta de inspiração mesmo (ás vezes me pergunto por que ainda cismo que posso escrever? Ô falta de criatividade!), recebi uma intimação onde me mandaram contar meus Oito Desejos pra Cumprir Antes de Morrer.
Uma tarefa um tanto quanto desafiadora, afinal 8 Desejos são muita coisa, mais mesmo assim se Deus me ajudar (Tô contando com toda a Sua força viu Deus!!!) eu cumprirei.
Então vamos lá:

1 – Encontrar Meu Príncipe Encantado (podem achar ridículo!, mas eu espero encontrar um, Um não?!, espero encontrar O, e não duvido se ele vier montado num cavalo branco!).Quero um cara que me faça sentir coisas clichês como nos meus filmes-de-romance-hollywoodianos-favoritos-água-doce-e-açúcar-refinado. Quero taquicardia, suor frio e borboletas no estômago, quero um amor de verdade.
Quero uma cara sensível, batalhador e pé-no-chão, simples e honesto, de preferência que seja inteligente e até um pouco sarcástico, mas não precisa vir com a cara do Johnny Depp não, só com o charme eu já aceito!
Agora ficou parecendo desabafo de uma mulher desesperada, não é tão por esse lado!!! Então vamos continuar...

2 – Quero um trabalho digno, (não que o meu não seja!), um trabalho digno pra pagar minhas contas e que me proporcione tempo pra viver, ou seja, quero um trabalho de no máximo umas 30 h semanais, voltado para minha área (afinal de contas 5 anos de faculdade tem de valer pra alguma coisa) ou também pode ser qualquer coisa que me deixe feliz, mais que ainda pague minhas contas e me deixe viver!. Se todos os trabalhos fossem assim o mundo seria um lugar melhor, com gente mais feliz!

3 – Casar!
Isso mesmo casar, com direito a véu (se bem que véu é meio cafona!) e grinalda (isso não é uma promessa!, cafona também a grinalda, citei metaforicamente falando!), vestido branco (óbvio, adoro clichês!) “as meninas” (minhas amigas) todas de madrinhas e detalhe, com os vestidos todos iguais (isso sim é muito cafona! mas disso eu não abro mão!), já sei até qual a Igreja (Deus há de me ajudar!). Minha família toda lá, meu pai entrando lindo comigo e meus amigos e Meu Príncipe Encantado e tudo perfeeito!

4 – Paris.
Ir à Paris, não importa se sozinha ou acompanhada, com minha mãe ou com a Gaby, quero ir a Paris! Não sei por que diabos cismei que tenho de ir à Paris?Talvez o Louvre, a Torre Eiffel ou o Champs Elisèes. Talvez Notre Damme e seu corcunda, ou talvez por Casablanca ( Sempre teremos Paris!) ou O Diabo Veste Prada, ou mesmo por Paris, Je T’Aime.
Pelo romantismo, pelo U2 e sua City of Blinding Lights, pela poesia, pelo frescor de amor livre na Cidade Luz e seus cafés.

5 – Filhos.
Quero no mínimo uns 3, assim lindos, pirralhos com seus cabelos cacheados, sejam eles meninos (Francisco, Ian e Jonas) ou meninas (Isa, Clara e Laura), sejam eles do jeito que forem, meus filhos.

6 – Realizar um trabalho voluntário pelo simples prazer de observar os olhos de alguém que está vendo algo ser feito de verdade e de coração, sem nada mais em troca.

7 – Uma casa.
Uma casa onde possa reinar a liberdade, onde minhas orquídeas (que vou criar, não crio agora por que todas as tentativas acabaram em morte, ora por excesso de água, ora por falta, ora por que apartamento não oferece boas condições de vida para elas) contrastem com o verde da grama no quintal, onde haverá uma rede (ah! como eu sonho com uma rede, bem preguiçosa, pra eu ler e descansar.)presa entre duas árvores (um pé-de-jabuticaba, como nos verdes anos de minha vida eu sempre tive em minha porta, e um pé-de-acerola.), uma varanda grande pra receber “as meninas” e suas famílias e todos os meus outros amigos, e claro uma churrasqueira ( ô povo que gosta de uma carne viu!)
Uma casa com quintal e jardim pros meus filhos brincarem.
Uma casa em tons pastéis e com uma porta vermelha (adooroo!!!).
Vi essa casa nos meus sonhos outro dia!

8 – Cuidar dos meus pais quero eles bem velhinhos palpitando (como fazem hoje, em tudo e sobre todos), do jeitinho como eles são, quero vê-los velhinhos com seus netos e toda a nossa família reunida.


Quero agradecer ao Cochise pela oportunidade de responder (???se responde ou se escreve sobre?) esse meme (???existe uma definição pra esse termo?).
Foi bem legal!
Estou começando a ficar com medo todos os meus amigos estão ou casando (Marcelo) ou namorando (praticamente casando né Cochise!), e eu estou sobrando!!!
Mais como sou a pessoa mais otimista que eu conheço, isso não me abala, porque afinal de contas tenho 8 Desejos pra Cumprir antes de Morrer não é? E minha fé e Deus são grandes pra me livrar de ficar pra Tia!!!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Play it As Time Goes By!

“Play it, Sam.
Play As Time Goes By.”

O que fazer num fim de semana chuvoso?
Cinema. Ok, em cartaz todos que ainda não vi, e só um que realmente gostaria mesmo de ver, não claro pela crítica, que aliás foi boa, mas pelo Johnny Depp claro! E pelo Tim Burton, Sweeney Todd seria o escolhido, se claro São Pedro não tivesse resolvido faxinar o céu em pleno sábado e despejar muitos milímetros de chuva sobre nós, me levando a um estado de Hibernação.
Hibernar é a melhor solução quando se está chovendo. Odeio chuva, mais isso não vem ao caso.
Resolvi hibernar no melhor estilo, passei na vídeo-locadora e para meu desespero o que realmente queria não estava lá, a 4ª temporada de The O.C – como se eu já não tivesse visto. Então porque não locar outro filme, mais qual?
Sempre que chego às prateleiras me pergunto se vale a locação, sabe, realmente prefiro traillers a filmes, mas daí resolvi, nada de lançamentos, fui aos clássicos.
Entre eles alguns que já havia assistido, Dr.Jivago, Laranja Mecânica, Por Quem os Sinos Dobram e eis que me deparo com Casablanca.
Peguei, li a sinopse, “O melhor filme já feito em Hollywood”, Oscar de Melhor Filme em 1943 (não que ser o melhor filme do Oscar conte pontos, mais ser o melhor filme de 1943 penso que deve ser mais confiável, neste tempo a Academia devia ser mais rigorosa com os filmes, a oferta com certeza era escassa), com Ingrid Bergman (já vi alguns dela e gostei bastante), um filme americano que só tem um americano, resolvi trazer.
Com ele trouxe outros, mais confesso, um filme e tanto. Um filme americano que não foca em americanos, um romance inteligente, lindo e sem ser meloso e ainda com inúmeros diálogos sarcásticos e irônicos, adooooooro.

"(Ugarte)-Você me despreza não é?
(Rick) -Se eu pensasse em você, com certeza o desprezaria..."

Um amor impossível e presente, um conflito bastante envolvente.

"Eu me lembro de todos os detalhes. Os alemães vestiam cinza e você, azul". Rick para Ilsa.

E claro As Time Goes By, linda, linda, uma letra perfeita num arranjo muito lindo.

"Toque Sam, toque As Time Goes By." Ilsa para Sam.

"Toque droga, se ela pode agüentar, eu também posso..." Rick para Sam.

E sem dúvidas a mais perfeita fala do filme:

“We'll always have Paris.
Nós sempre teremos Paris.”
Rick para Ilsa.

Assisti umas 4 vezes, e confesso veria mais umas 2 se tivesse tempo.
Um post desvairado e sem muito nexo apenas pra deixar claro que Casablanca não é só mais um filme. É O filme.
Johnny querido desculpe-me, mas desta vez quem ganhou meu coração foi Humphrey Bogarth e Dooley Wilson, o Sam.


“Play it, Sam. Play As Time Goes By.”


“As Time Goes By
Herman Hupfeld

You must remember this
A kiss is still a kiss, a sigh is just a sigh
The fundamental things apply
As time goes by
And when two lovers woo
They still say, "I love you"
On that you can rely
No matter what the future brings
As time goes by
Moonlight and love songs
Never out of date
Hearts full of passion
Jealousy and hate
Woman needs man
And man must have his mate
That no one can deny it's still the same old story
A fight for love and glory
A case of do or die
The world will always welcome lovers
As time goes by”

domingo, 23 de março de 2008

A pergunta

- Por que você está comigo?
Em meio à multidão o silêncio só não foi mais silencioso porque ao fundo tocava Snow Patrol - You're All I Have. Esta era a trilha da pergunta mais descabida que Ela já havia ouvido.
"Porque você está comigo?" A pergunta se fazia e refazia em todas as entonações possíveis e impossíveis em sua cabeça.
Devia ser o álcool que já dominava o seu ser que ocasionara aquela alucinação. Ela ficou calada e de novo a voz meio alterada devido ao som alto reapareceu.
- Então, por que você está comigo?
Existem muitos motivos para tal condição, estar com Ele, mas ele a encurralou com esta pergunta. E também a encurralou totalmente com as possíveis previsíveis respostas que Ela provavelmente tinha na ponta da língua.
Ela estava com ele porque...oras porquê...porque ele era... ele era bonito!
Não, não era porque ele era bonito, aliás ele nem era bonito, era normal; nem alto, nem baixo; nem gordo , nem magro; nem bonito, nem feio.
Diante do silêncio dela ele foi embora, ela não sabia explicar porque, não ali, não naquele exato momento. E ele se foi. Ela deixou que ele fosse.
Por quê?
Porque diabos ele perguntou aquilo?
Mais não era essa a resposta que ela procurava, ela precisava saber porque diante tantos ela estava com ele.
Era pra ser uma resposta fácil, mais não, era estranho pensar num porque.
Já em casa ela pensava, afinal eles eram totalmente diferentes um do outro, ok, então oras...estou com você porque os opostos se atraem.
Não, isso não era a resposta correta, como diz o louvado Teatro Mágico, "os opostos se distraem e os dispostos se atraem."
Não parecia distração, não era distração.
Eles eram realmente, totalmente diferentes um do outro. Ele, um cara que passa longe de qualquer padrão de beleza, nem de comportamento existentes. Não é um rebelde sem causa, nem um revolucionário. Poderia ser considerado um cara comum, mais caras comuns não escrevem poemas, nem estudam belas artes. Para Ela ele era incomum, provavelmente o que ela buscava.
Afinal, Ela era padronizada, a típica patricinha de vitrine, que não perde uma balada, um show do momento, entre as demais é a Poderosa. Destaca-se onde está pela beleza e inteligência não muito comum em seu meio o que a tornava ainda mais sobressalente dentre as demais. Nunca se entregava totalmente às futilidades do meio.
A noite se vai e Ela ainda busca uma resposta...
Porquê?

A Páscoa de antes, a Páscoa de hoje

As coisas hoje não são mais como eram antes.
Hoje é Páscoa, é a ressureição de Cristo, há anos atrás isso seria igual a almoço na casa da Vó Maria, almoço com direito a muita comida, muita gente, muito chocolate, todo mundo disputando um banquinho pra sentar a meninada toda se apertando nos degraus da escada pra comer e trocar os variados chocolates.
O tempo passou e hoje, teve o almoço de sempre, porém, sem o mesmo glamour, sem a troca de chocolates, sem a algazarra, sem as mesmas pessoas.
Almoço sem sal, com papo de adulto, problemas de adultos, vida de adultos.
Não que já somos adultos, somos jovens, a vida mudou, crescemos, ao invés de trocarmos chocolates, trocamos beijinhos educados, sorrisos e compartilhamos problemas.
É chato ser gente grande, é chato pensar como gente grande.
O almoço passou rápido, cada um tinha de ir pra um lado, outros lados, outras pessoas, pessoas distantes, as mesmas pessoas, só que diferentes.
Somos os mesmos, somos os mesmos primos, as mesmas tias, os mesmos avós, mudamos os planos, mudamos os rumos.
Olho ao redor e até os pequenos de hoje são diferentes dos pequenos, nós, de ontem.
Ontem nós jogávamos queimada e brincávamos de rouba-bandeira, hoje eles jogam xadrez, os outros videogame.
Todos mudamos porque crescemos ou mudamos porque o mundo mudou?
Não sei, só sei que felizmente ainda somos os mesmos, um pouco ocupados demais pra viver como antes, mais espero que isso ainda mude.
O que vale é que ainda somos bons, cada um com suas diferenças, seus credos, mais ainda somos uma família.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Sonho

Sonho
Inerte
Que me acomete

Estático
Insone
Sonho

Vivo
Desperto
Tão longe
Tão perto

Sonho
Diurno
Passivo
Saturno

Abstrato
Irreal
Surreal
Real

Sonho

Voz

Voz
Ao vivo
Atrito
Um grito
Voz
Ao longe
Por telefone
Voz
Que some
Voz
Latente
Contente
Voz
Que me atende
Voz
Aquela voz
A sua voz
Que voz!

sábado, 1 de março de 2008

Meu querido Devaneio,

Meu querido deveneio,

Reapareço hoje, numa noite de sábado chuvosa para lhe fazer companhia.
Estou em falta com você, não escrevo mais, não sei o que está acontecendo, deve ser por pura falta de inspiração, impressionante, a cada dia que passa tenho mais certeza de que o filósofo não errou qdo disse que “O pensar requer o ócio”.Estava ele repleto de razão.
Não tenho mais tempo pra pensar, está tudo se automatizando, acordar, comer, estagiar, ir pra facul, voltar, dormir, farrear, dançar, sair e ....e só.
Ô vida sem emoção, viu!
Estou meio sem saber o que quero, tô que nem o menino da bicicleta, que não sabe se casa ou se compra uma bicicleta!
Como estou muito sem assunto hoje, afinal passei minha tarde chuvosa assistindo um monte de filminho meia boca e claro assistindo o DVD da Banda Eva, meu blog querido devo lhe confessar que não sou muuuuito adepta de axé mais sou muuuuuuuuuuuuuuito adepta do vocalista do axé da Banda Eva, Saulo Fernandes.
Rs...outro dia estávamos tendo uma conversa desse tipo, sobre qual é o perfil do cara ideal, daí falei que queria um descolado, não precisava ser bonito(tipo nem feio), simples, que passasse a idéia de um cara legal, e não é que encontrei esse cara.
Além de bonito ainda é poeta!
Passa perto de mim não viu Saulo, que tu não me escapa!
Vou indo porque senão quem ler esse post (Cochise, Marcelo...e outros visitantes)vai achar que eu estou pirando e que ficar em casa por um fim de semana está me transformando numa maníaca sem noção e principalmente sem assunto.
Voltarei sempre!

“Sabe é que as vezes eu sinto
um tanto quando parado
Não eu não estou triste
só um pouco exaltado
Tive um dia difícil nem pude reparar
Num toque de um amigo ou numa brisa no olhar”
(Sonhos do Mundo – Dias de Truta)


“Hoje eu acordei mais cedo
E fiquei te olhando dormir
Imaginei algum suposto medo
Para que tão logo pudesse te cobrir,
Tenho cuidado de você todo esse tempo
Você está sobre meu abraço,
Minha proteção
Tenho visto você errar e crescer,
Amar e voar
Você sabe onde pousar,
Ao acordar já terei partido,
Fico de longe escondido
Mas sempre perto
Decerto
Como se eu fosse um humano,
Vivo
Que veio pra te cuidar,
Te proteger
Sem você me ver,
Sem saber quem eu sou
Se sou anjo ou se sou seu amor"
(Saulo Fernandes)

sábado, 23 de fevereiro de 2008

E a Luz?

Um dia ouviu-se: "Faça-se a luz."
E a luz se fez.
O primeiro contato do ser humano com a luz é o choro.
Mas quando a luz se vai?Qual será a reação?
Soa injusto dizer que quem morreu descansou.
Descansou de quê?
E se a pessoa não estiver a fim de descansar!?
E se ela ainda não estiver cansada?
Ela simplesmente se vai, e acaba?
Acaba como acaba o sabor do chocolate comprado com os míseros trocados no bolso?
Acaba como o dia, no pôr do sol?
E a luz?
De olhos fechados, no escuro, num vazio?
E os bolos que não serão mais feitos?
E as cartas inacabadas na gaveta?
Os amores que não serão vividos, os filhos que não nascerão?
Os filmes que não foram vistos, os "bons dias" que não foram ditos?
As roupas que ainda não foram usadas?
Os segredos na gaveta no fudo do guarda-roupas?
E as forças de expressão, inventadas, copiadas, renovadas?
Os cursos que não foram feitos, os livros não lidos, o livro que estava para ser terminado?
O que será do Orkut?
Quem vai ler os e-mails?
As fotos na máquina?
O que será feito do projeto ultra-secreto que vai mudar a vida de milhares de pessoas?
E a orquídea?
O violão?
Descansar pra quê?
Os bons morrem jovens?
O que será do mundo sem os bons?
O que será do mundo sem os jovens?
E a viagem?
E Paris?
Tudo vai ser como era antes?
E o sol?
E o U2?
As poesias que não foram escritas?
Os sonhos que não foram sonhados?
Isso é justiça?
Os bons morrem jovens?
E os maus?Não morrem?
E a luz?
O que será da luz?

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Insônia

Ela vê a chuva pela janela, é tarde e a chuva chove, sem parar desde cedo.
A chuva sempre a deixa abafada, esse é o termo que melhor a representa.
Ela já leu tudo o que tinha para ler, ouviu tudo o que tinha para ouvir e pensou tudo o que tinha para pensar. Então ela dormiu.
Ela acorda e o barulho da chuva ainda a cair, a transtorna, pelo reflexo provável do poste mais próximo ela observa as gotas a escorrem pelo vidro na parede.
Ela olha o relógio, ainda não são duas horas, para seu desespero, porque a partir deste momento ela sabia que para dormir de novo ia custar muitos incontáveis carneirinhos, embora ela sempre contasse Johnnys Depp e Brads Pitt.
Enfim levanta e vai até a cozinha, lá está o vazio de sempre.
Ele era um idiota, um bossal, não passava de um fracassado psicossomático mais naquele momento sua presença seria boa, nem que seja para uma briga. Um bate-boca daqueles memoráveis porque mesmo sendo um idiota-bossal–fracassado ele era o sarcasmo em pessoa, todas as brigas eram um duelo de egos, alter-egos e super-egos e coisa e tal.
Mais ele não estava mais ali. Podia ligar, mais depois de tanto tempo? Seu orgulho não permitiu tal burrice e ela voltou para cama, usou a chuva como tortura e molde para seu humor no dia seguinte.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Chuva e Paixão

Dias de chuva são como uma paixão.
Espera-se muito por ela, daí de repente ela surge.
Contemplação, alegria e prazer, são sentimentos revelados diante de um acontecimento tão vital.
Vive-se num único dia o que cronologicamente deveria se viver em uma semana.
Aí vem o sofrimento, tudo que foi tão esperado, tão bom e arrebatador, se transmuta em dor, desespero e perda. O que era bom se torna prisão.
O tempo passa, sofre-se e quando menos se espera acaba.
E a liberdade volta abençoada pelo amarelo-alaranjado-contrastado-com-o verde-vivo-céu-azul-depois de chuva, um novo dia perfeito.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Aquele Olhar

Ele entra pela porta e seu olhar não é o mesmo.
Não é o olhar de sempre, há um quê de desespero que torna nublado seu olhar sempre azul como céu limpo de inverno.
Para o desespero dela, aquele olhar transmite o desespero dele.
Ele passa por ela e vai para o quarto, mudo, com andar automático e com aquele olhar.
Por um milésimo de segundo ela pensa em mudar sua decisão, aquele olhar a faz se sentir a última das mortais sobre a face da Terra a espera do seu julgamento durante o juízo final.
Mais ela resiste, é a sua lei, o tempo dele tinha chegado ao fim, ela não poderia voltar atrás.
Da porta do quarto ela o vê no banheiro pelo reflexo do espelho, ele pega a escova de dentes e novamente ela vê seus olhos nublados.
Sua garganta trava, ela não vai chorar, ela sabe que não vai, não é primeira vez que acontece, mesmo sendo a primeira vez que vê um olhar tão desolado.
Ele junta as roupas, fecha a mala, olha ao redor.
Ela sai.
Ela não quer ver aqueles olhos, ela não quer se perder na nebulosidade deles.
Ele sai do quarto, como muitos outros já saíram, a lei estava sendo cumprida mais uma vez.
A mala, o silêncio, tudo como sempre, porém, os outros não tinham aquele olhar.
Ele se aproxima, ela pensa em falar algo, mais ela nunca disse nada, nunca era necessário, mais ela pensa em falar, falar para assim evitar aquele olhar.
O silêncio.
Ela desvia o olhar, mais ele delicadamente a ergue a cabeça segurando-a pelo queixo e o inevitável acontece, seus olhos se cruzam.
Ela procura o olhar de céu-azul-de-inverno (porque no inverno o céu fica muito azul e nenhuma nuvem aparece para escondê-lo), aquele olhar não existe mais. Existe no lugar um olhar nublado, desesperado, dissimulado, mas, com a mesma capacidade de enxergar sua alma, por isso ela o escolhera na multidão.
Ele a olha nos olhos e se vira deixando sobre a mesa de centro as chaves.
E sai, sem olhar para trás.
Ela o vê transpor a porta, silenciosamente como todos os outros e pela primeira vez ela chora.