domingo, 3 de fevereiro de 2008

Insônia

Ela vê a chuva pela janela, é tarde e a chuva chove, sem parar desde cedo.
A chuva sempre a deixa abafada, esse é o termo que melhor a representa.
Ela já leu tudo o que tinha para ler, ouviu tudo o que tinha para ouvir e pensou tudo o que tinha para pensar. Então ela dormiu.
Ela acorda e o barulho da chuva ainda a cair, a transtorna, pelo reflexo provável do poste mais próximo ela observa as gotas a escorrem pelo vidro na parede.
Ela olha o relógio, ainda não são duas horas, para seu desespero, porque a partir deste momento ela sabia que para dormir de novo ia custar muitos incontáveis carneirinhos, embora ela sempre contasse Johnnys Depp e Brads Pitt.
Enfim levanta e vai até a cozinha, lá está o vazio de sempre.
Ele era um idiota, um bossal, não passava de um fracassado psicossomático mais naquele momento sua presença seria boa, nem que seja para uma briga. Um bate-boca daqueles memoráveis porque mesmo sendo um idiota-bossal–fracassado ele era o sarcasmo em pessoa, todas as brigas eram um duelo de egos, alter-egos e super-egos e coisa e tal.
Mais ele não estava mais ali. Podia ligar, mais depois de tanto tempo? Seu orgulho não permitiu tal burrice e ela voltou para cama, usou a chuva como tortura e molde para seu humor no dia seguinte.