domingo, 23 de março de 2008

A pergunta

- Por que você está comigo?
Em meio à multidão o silêncio só não foi mais silencioso porque ao fundo tocava Snow Patrol - You're All I Have. Esta era a trilha da pergunta mais descabida que Ela já havia ouvido.
"Porque você está comigo?" A pergunta se fazia e refazia em todas as entonações possíveis e impossíveis em sua cabeça.
Devia ser o álcool que já dominava o seu ser que ocasionara aquela alucinação. Ela ficou calada e de novo a voz meio alterada devido ao som alto reapareceu.
- Então, por que você está comigo?
Existem muitos motivos para tal condição, estar com Ele, mas ele a encurralou com esta pergunta. E também a encurralou totalmente com as possíveis previsíveis respostas que Ela provavelmente tinha na ponta da língua.
Ela estava com ele porque...oras porquê...porque ele era... ele era bonito!
Não, não era porque ele era bonito, aliás ele nem era bonito, era normal; nem alto, nem baixo; nem gordo , nem magro; nem bonito, nem feio.
Diante do silêncio dela ele foi embora, ela não sabia explicar porque, não ali, não naquele exato momento. E ele se foi. Ela deixou que ele fosse.
Por quê?
Porque diabos ele perguntou aquilo?
Mais não era essa a resposta que ela procurava, ela precisava saber porque diante tantos ela estava com ele.
Era pra ser uma resposta fácil, mais não, era estranho pensar num porque.
Já em casa ela pensava, afinal eles eram totalmente diferentes um do outro, ok, então oras...estou com você porque os opostos se atraem.
Não, isso não era a resposta correta, como diz o louvado Teatro Mágico, "os opostos se distraem e os dispostos se atraem."
Não parecia distração, não era distração.
Eles eram realmente, totalmente diferentes um do outro. Ele, um cara que passa longe de qualquer padrão de beleza, nem de comportamento existentes. Não é um rebelde sem causa, nem um revolucionário. Poderia ser considerado um cara comum, mais caras comuns não escrevem poemas, nem estudam belas artes. Para Ela ele era incomum, provavelmente o que ela buscava.
Afinal, Ela era padronizada, a típica patricinha de vitrine, que não perde uma balada, um show do momento, entre as demais é a Poderosa. Destaca-se onde está pela beleza e inteligência não muito comum em seu meio o que a tornava ainda mais sobressalente dentre as demais. Nunca se entregava totalmente às futilidades do meio.
A noite se vai e Ela ainda busca uma resposta...
Porquê?

A Páscoa de antes, a Páscoa de hoje

As coisas hoje não são mais como eram antes.
Hoje é Páscoa, é a ressureição de Cristo, há anos atrás isso seria igual a almoço na casa da Vó Maria, almoço com direito a muita comida, muita gente, muito chocolate, todo mundo disputando um banquinho pra sentar a meninada toda se apertando nos degraus da escada pra comer e trocar os variados chocolates.
O tempo passou e hoje, teve o almoço de sempre, porém, sem o mesmo glamour, sem a troca de chocolates, sem a algazarra, sem as mesmas pessoas.
Almoço sem sal, com papo de adulto, problemas de adultos, vida de adultos.
Não que já somos adultos, somos jovens, a vida mudou, crescemos, ao invés de trocarmos chocolates, trocamos beijinhos educados, sorrisos e compartilhamos problemas.
É chato ser gente grande, é chato pensar como gente grande.
O almoço passou rápido, cada um tinha de ir pra um lado, outros lados, outras pessoas, pessoas distantes, as mesmas pessoas, só que diferentes.
Somos os mesmos, somos os mesmos primos, as mesmas tias, os mesmos avós, mudamos os planos, mudamos os rumos.
Olho ao redor e até os pequenos de hoje são diferentes dos pequenos, nós, de ontem.
Ontem nós jogávamos queimada e brincávamos de rouba-bandeira, hoje eles jogam xadrez, os outros videogame.
Todos mudamos porque crescemos ou mudamos porque o mundo mudou?
Não sei, só sei que felizmente ainda somos os mesmos, um pouco ocupados demais pra viver como antes, mais espero que isso ainda mude.
O que vale é que ainda somos bons, cada um com suas diferenças, seus credos, mais ainda somos uma família.