terça-feira, 29 de julho de 2008

Agora...

- Oi, pensei que não vinha!
Disse ele com aquela cara de satisfação e surpresa, enquanto a abraçava.
- Pensou errado.
Disse ela, que na verdade queria dizer que realmente não queria estar ali.
Ela tentava como sempre encontrar o olhar dele, que nunca estava disponível pra ela, ele olhava tudo, menos nos olhos dela. Sentados na praça, crianças correndo, o sorvete derretendo, o silêncio, ele – carinho acariciava-lhe as mãos, ela – confusão, recebia o toque e não sabia o que sentia.
Longe um do outro tanto tempo, e mesmo pela distância era bom, agora juntos, tato, toque, beijo, não era ruim, era só diferente.
- Diferente? Sinceramente não entendi.
- Perdão! Mas, não sei uma palavra melhor pra descrever...
- Por que você é sempre tão complexa? Porque nada é normal, simples?
- Acontece...
Ela sempre eloqüente, agora estava sem palavras.
Ele sempre emoção e silêncio, agora aparentava-se loquaz.
O silêncio, ele olhos no chão, ela olhos nos olhos dele que olhavam para o chão.
Alguém tinha de falar, alguém tinha de dizer alguma coisa, os dois eram abstenção.
De repente, ele se ergue e caminha, sem olhar para trás, ela o olha com medo e inconscientemente querendo que ele pare ali, ele continua, desce as escadas, ela levanta e ele vai, atravessa a rua da sorveteria e vai...
Ela que era confusão, agora é desespero.
Ele era emoção, agora...